São Sepé/RS: 148 Anos de História e Tradição
A história de São Sepé tem duas versões para a origem de seu nome. A mais popular sugere que a cidade foi nomeada em homenagem ao guerreiro Sepé Tiaraju, que lutou nos Sete Povos das Missões. Ele é um símbolo de resistência indígena e da defesa das reduções cristãs.
Segundo o historiador Aurélio Porto, havia uma aldeia guarani na região liderada por Sepé Tiaraju, que deu origem à referência ao nome Sepé.
Outra versão, apresentada por Paulo Xavier, afirma que São Sepé se originou de uma estância missioneira chamada San Sepé em 1751, não relacionada diretamente a Sepé Tiaraju.
No entanto, Sepé Tiaraju é uma figura histórica real e importante para a cultura local. São Gabriel e São Sepé compartilham proximidade histórica e cultural com ele, com São Gabriel preservando o local de sua morte, e São Sepé acreditando ser o local de seu sepultamento na Gruta do Marco. Pulquéria, uma índia apaixonada, é também lembrada por ter originado corredeiras em homenagem à sua dor.
Sepé Tiaraju é visto como um símbolo da resistência indígena, exaltado por movimentos sociais e religiosos modernos como mártir e santo popular. O nome São Sepé transcende a história formal e alcança consagração popular.
Oficialmente, a povoação foi elevada à categoria de Freguesia com o nome de São Sepé em 7 de setembro de 1850. O município foi criado oficialmente pela Lei provincial nº 1029, de 29 de abril de 1876, incorporando alguns territórios de Cachoeira e de Caçapava do Sul. Em 15 de fevereiro de 1877, ocorreram eleições para a Câmara de Vereadores.
Os primeiros colonizadores chegaram a São Sepé no final do século XVIII, enfrentando desafios devido à oscilação das fronteiras nacionais. Em 1780, o coronel Patrício José Corrêa da Câmara estabeleceu limites claros para a distribuição de terras, afetando os assentamentos iniciais devido à instabilidade política e territorial.
São Sepé construiu uma história orgulhosa ao longo dos anos, com várias figuras históricas que contribuíram para sua formação e desenvolvimento. Entre eles:
Plácido Gonçalves Dias, um fazendeiro influente, ajudou na fundação do município doando terras para a construção da capela.
Plácido Chiquiti, defensor de Francisco Antônio de Vargas, continuou lutando pela aquisição de terrenos para a capela, enfrentando desafios locais, mas sendo fundamental para o sucesso do projeto.
Coronel Vasco Antônio da Fontoura Chananeco se destacou na Campanha do Paraguai e retornou à sua terra natal em São Sepé após a guerra.
Guilherme Germany, de origem alemã, lutou na Guerra do Paraguai e após retornar a São Sepé, tornou-se Secretário do Município.
Frutuoso Antônio Pontes, nascido em São Sepé, serviu na Guerra do Paraguai e exerceu cargos públicos importantes, como Intendente Municipal.
Coronel Veríssimo (Manoel Veríssimo Simões Pires) participou da Revolução de 1893 e foi um líder político influente.
Major Vicente de Paula Simões Pires foi o primeiro prefeito municipal de São Sepé, também veterano de várias guerras.
Capitão Elautério José Gonçalves, nascido em São Sepé, serviu na Guerra do Paraguai e tornou-se comandante policial em São Sepé.
Capitão Emídio Jaime de Figueiredo ingressou no exército para lutar na Guerra do Paraguai e também serviu como Delegado de Polícia e Primeiro Intendente de São Sepé.
Antão Gonçalves de Faria se destacou como político e jornalista, servindo como Ministro da Agricultura e Viação e defendendo a causa Federalista.
Tio Lautério lidava no campo, era uma figura cultural e tradicionalista conhecida por sua habilidade musical e participação em eventos sociais.
Monsenhor Mário Deluy, nascido em Marselha, França, contribuiu para a vida religiosa de São Sepé.
General João Luiz Pires de Morais Castro ingressou nas forças armadas e desempenhou vários cargos de destaque, inclusive como professor de tiro.
Emiliano Brum Pereira, nascido em São Sepé, foi Intendente Municipal e defensor dos ideais republicanos.
Antônio Augusto Simões Pires, advogado e Intendente Municipal, se destacou na área jurídica.
Percival Brenner, nascido em Santa Maria, tornou-se fazendeiro e político proeminente em São Sepé.
Marechal Idelfonso Pires de Morais Castro serviu em várias regiões do país e participou da Proclamação da República.
Afonsaurélio Porto, nascido em São Sepé, foi um historiador e pesquisador notável.
Innocêncio Borges da Rosa exerceu cargos judiciais em várias cidades do Rio Grande do Sul.
Clemenciano Barnasque, nascido em São Sepé, foi poeta e jornalista reconhecido.
Diolofau Brum, nascido em São Sepé, foi farmacêutico, músico e entusiasta das artes.
Agápito da Rosa Fraga teve uma carreira diversa, trabalhando como agricultor, curtidor e colaborador na imprensa.
Lauro Bulcão, nascido em Lavras do Sul, foi médico em São Sepé, além de prefeito do município.
São Sepé, localizada na região central do Rio Grande do Sul, está a cerca de 265 km de Porto Alegre. Próxima a Santa Maria, apenas 50 km a separam, dando à cidade uma posição estratégica com acesso facilitado pelas BR-392 e BR-290.
A cidade tem uma área de aproximadamente 2.188,832 km² e faz fronteira com municípios como Caçapava do Sul, Vila Nova do Sul, Restinga Sêca e São Gabriel. A população era de cerca de 24 mil habitantes em 2010, já em 2022 estava em torno de 21.219, segundo o Censo do IBGE, uma redução de 10,84%.
A economia é baseada na agropecuária, com destaque para as culturas de arroz, soja e milho, além de criações de gado de corte e leite, em expansão.
O turismo busca se firmar com atrações que ressaltam as belezas naturais, resgatam as raízes das tradições e culturas como o Fogo de Chão na Fazenda Boqueirão, que está aceso há mais de 200 anos e serve de encontro para gaúchos e tradicionalistas. Outras atrações são a Gruta do Marco, Fonte da Bica, Praça das Mercês e Igreja de Nossa Senhora das Mercês. A magnólia centenária no centro da cidade e a estátua em homenagem ao Índio Sepé Tiaraju na avenida de entrada também são destaques.
O Centro Cultural Diolofau Brum homenageia o farmacêutico e escritor autodidata Diolofau Brum por sua contribuição à cultura local. A cidade ainda possui uma Biblioteca Pública com mais de 20.000 livros, um Museu Municipal e um auditório com 166 lugares. A Fundação Afif Jorge Simões Filho está passando por revitalização, criando um ambiente moderno e eficiente para atender ao público e às comemorações do município.
Hoje, 29/04/2024, São Sepé comemora com orgulho o seu 148º aniversário, uma data que simboliza seu legado histórico. A cidade celebra com muitos eventos especiais, trazendo alegria aos seus moradores.
O Jornal A Fonte parabeniza o município de São Sepé por sua trajetória e importância para a região. Que São Sepé continue prosperando e sendo referência em desenvolvimento e cultura!