A sombra e a luz
Crônica reflexiva – Eliane Kilian da Silva
O mal projeta sua sombra como uma noite sem fim, enlaçando aqueles que atravessam seu caminho. Não há aviso, apenas a escuridão que cresce, lenta e insidiosa. As vítimas, tragadas por essa penumbra, se tornam reféns de um destino que não escolheram. Mas será que, ao fim desse túnel sombrio, existe ainda uma luz?
A história de Deise Moura dos Anjos é o retrato cru e desnudo da escuridão humana. Ela, que deveria ser um elo de união, tornou-se a mão que rompeu os laços. Como uma doçura amarga e voraz, ela envenenou a farinha com a qual a sua sogra preparou um bolo usado na confraternização familiar de Natal, seis pessoas envenenadas e três vidas foram ceifadas, tão rapidamente. Três almas inocentes partiram, a vida foi desfeita com a leveza de quem sopra uma vela.
O sogro, já morto há alguns meses, teve seu descanso interrompido por uma verdade tardia: pois, o veneno o levou primeiro. A sogra, sobrevivente, carrega agora o peso de uma traição que a vida nunca deveria impor.
Deise, que vestia o papel de nora e de companheira, revelou-se o oposto: a sombra ausente na mesa familiar. Apenas o produto da sua maldade estava presente no bolo já tradicional, que sua sogra fazia, especialmente, para as festas natalinas e Ano Novo para ser degustado em família. Mas, por quê? O que a levou a ignorar a essência divina da vida? Deus nos deu um mandamento claro: “Não matarás.” Ele é o único autor da existência, e cada vida é um capítulo que apenas Ele tem o direito de encerrar. Ao violar esse princípio, Deise não apenas destruiu os outros, mas apagou a luz dentro de si mesma.
A sombra, contudo, nunca é absoluta. Deus, em sua misericórdia infinita, oferece a redenção até aos corações mais endurecidos. Há um fio de luz para quem ousa buscá-lo, mesmo nos cantos mais sombrios. Mas será que Deise enxergará esse fio? Ou permanecerá enredada no breu que escolheu?
Essa história vai além de um ato cruel. Ela é um espelho para todos nós, para nunca repetirmos na vida os seus pensamentos e ações. Quantas vezes alimentamos pequenas sombras – a ambição, a inveja, o rancor, o egoísmo – que, quando ignorados, crescem e nos afastam da Luz Divina? Quantas vezes esquecemos que a vida não nos pertence, que cada ser é um presente sagrado, intocável por mãos humanas?
Deus, em sua sabedoria, não permite que a sombra triunfe para sempre. Ele é a Luz que dissipa as trevas, que resgata até os mais perdidos. A história de Deise, embora marcada pela escuridão, traz um aviso: nunca se deve esquecer que a vida é sagrada e que o mal, por mais sedutor que pareça, é um abismo sem retorno.
E assim, resta a pergunta que ecoa como um desafio: será que, no fim, todos nós encontraremos a luz? Ou seremos consumidos pela sombra que projetamos?