Acusadas de queimar vivo jovem em São Sepé vão a júri em julho

Foto: Arquivo Pessoal

Após quase quatro anos, um crime que chocou a Região Central e resultou na morte de um jovem de 25 anos, em São Sepé, já tem data para ser julgado. Em 7 de agosto de 2019, Bruno Toledo dos Santos foi assassinado e teve o corpo carbonizado.

A ex-companheira da vítima e uma amiga são acusadas do crime. Elas teriam atraído a vítima para o local do crime, onde ele teria sido queimado ainda vivo. A primeira fase do processo transcorreu em segredo de justiça. Já na segunda fase houve o encaminhamento para o júri popular. A reportagem do Bei obteve com exclusividade informações que detalham a motivação do crime, que seria premeditado e cuja vítima já havia indicado que poderia acontecer. O julgamento ocorrerá no dia 7 de julho, na Câmara de Vereadores de São Sepé.

Era final da tarde de 8 de agosto de 2019, por volta das 18h, quando Bruno foi encontrado com o corpo carbonizado em um quarto de sua casa, na Vila Schirmer. Quem o encontrou foi o próprio irmão. O quarto apresentava indícios de incêndio, ao contrário do restante da residência, que tinha somente evidências de luta corporal em alguns cômodos.

As investigações apontaram que o crime teria ocorrido no dia anterior. Relatos apontam que Bruno estaria em um jantar quando teria recebido uma ligação para ir a um local próximo da casa do irmão, localidade onde testemunhas teriam escutado disparos de arma.

Taiane dos Santos, 29 anos, que seria a ex-namorada de Bruno, e Graciéla Borba, 39, teriam atraído o jovem até a casa em que ele morava, na noite do dia 7, por volta de 21h30min, para cometer o assassinato. Segundo as investigações, imagens de câmeras de monitoramento registraram Bruno se deslocando de motocicleta em uma rua. Pouco depois, Taiane passa na mesma rua em seu veículo, um Fiat Palio cinza, com Graciéla na carona.

O laudo da necropsia confirmou que Bruno foi queimado vivo e morreu devido à ação direta das chamas no quarto onde foi encontrado. Com a ação do calor, ele sofreu amputação do pé e tornozelo esquerdos. O exame também constatou a presença de fuligem em suas vias respiratórias. Não foram constatadas lesões por corte ou perfuração, nem contusões ou fraturas. Devido ao estado do corpo, o laudo informou não ser possível avaliar a presença de lesões corporais típicas de agressões físicas.

Taiane e Graciéla foram indiciadas por homicídio doloso com três qualificadoras: traição (trair a confiança da vítima em uma emboscada), motivo torpe (ciúmes) e meio cruel (emprego de fogo). 

Bruno era solteiro e trabalhava com serviços gerais em um supermercado da cidade. Ele deixou a mãe, Mariza, o pai, Alcides, e os irmãos Alexandre, Jessica e Marcelo. 

ACUSAÇÃO DIZ QUE CRIME FOI POR CÍUMES

O advogado e assistente de acusação, Divor Bassan, que representa a família de Bruno dos Santos, afirma que a brutalidade do crime e a dor da família são um elemento central na esperança de que a justiça seja feita. Divor assumiu o caso já no início ao lado da advogada Fabiane Bassan.

– Hoje a gente está trabalhando com um processo grave, de grande repercussão em uma cidade pequena. Um crime praticado de uma forma brutal. Não se mata nada dessa forma. Bruno foi queimado vivo, ele agonizou naquele fogo, naquele meio cruel que as duas usaram para matá-lo – comenta Divor.

O advogado conta que a família da vítima sofre, principalmente pelo fato de o crime ter sido motivado por ciúmes, já que Taine não teria aceitado o fim do relacionamento.

O promotor Joel Oliveira Dutra, da Promotoria de Justiça Cível de Santa Maria, informou que não irá se manifestar sobre o caso até a realização do julgamento, que ocorrerá no Fórum de São Sepé.

O QUE DIZEM AS DEFESAS

O advogado João Marcos Adede y Castro, responsável pela defesa de Taiane dos Santos, informou que a defesa está atualmente estudando o caso, e que trabalhará pela negação da autoria, bem como pela redução da pena.

“A minha tese é a negativa de autoria”, declara João Marcos.

A advogada Sharla Rech, responsável pela defesa de Graciéla Borba, informou que vai defender que a sua cliente não teve envolvimento no crime. Sharla começou a atuar na parte de instrução do processo, ou seja, a partir do momento em que o Ministério Público levou o processo ao Judiciário. Ela defende que as duas rés devem ser enxergadas de forma individualizada.

“A denúncia comunica todos os atos de Taiane a minha cliente, como se existisse o conhecimento prévio dos atos. Mas Graciéla foi envolvida num enredo de vida que não a pertence. E o próximo passo é mostrar isso para os jurados. Todas as qualificadoras do crime são relacionadas à relação que Taiane mantinha com a vítima”, informa Sharla.

Fonte: Lenon de Paula, Diário de Santa Maria.