Apiário de São Sepé conquista 2º lugar no Concurso Estadual de Mel em Santana do Livramento

Nos dias 14 e 15 de agosto, Santana do Livramento sediou o 26º Seminário Estadual de Apicultura, o 20º Seminário Estadual de Meliponicultura, o 25º Concurso Estadual do Mel, o 3º Concurso de Mel de Abelhas sem Ferrão e a 25ª Expoapis, reunindo apicultores, pesquisadores, técnicos, gestores públicos e instituições em torno do tema “Inovação, sustentabilidade e desenvolvimento no setor apícola”.

O evento, promovido pelo ASA, Copamel e FARGS, marcou a retomada do setor após as enchentes de 2024, que causaram grandes perdas de colmeias no Rio Grande do Sul. A programação incluiu palestras, concursos e exposição de equipamentos e tecnologias, fomentando parcerias e negócios na cadeia produtiva do mel.

Na categoria mel escuro, o Apiário TR, de São Sepé, conquistou o segundo lugar, consolidando-se pelo terceiro ano consecutivo entre os premiados no Estado.

Trabalho de décadas e dedicação à apicultura

O reconhecimento é fruto de mais de 20 anos de atuação dos irmãos Tarciso Evangelho da Silva e Rubinei Evangelho da Silva, empreendedores e apicultores. Além de administrarem uma madeireira e marcenaria voltada à produção de caixas de abelhas, eles mantêm em sua propriedade rural, no Passo dos Freire, uma agroindústria de mel e derivados.

Nossos apiários estão instalados em várias propriedades do município e também em cidades vizinhas. O grande diferencial da nossa produção é a localização em áreas de mata nativa do Bioma Pampa, o que garante características únicas ao nosso mel escuro. Já é o terceiro ano consecutivo que recebemos premiação no concurso estadual”, destacou Tarciso.

Segundo ele, o resultado é fruto de um trabalho constante de melhoramento genético, manejo adequado, adoção de novas técnicas e parcerias com universidades. O Apiário TR também atua com a produção de extrato de própolis, produto com reconhecidas propriedades antibacterianas, antifúngicas e anti-inflamatórias.

Apoio técnico da Emater

A trajetória do Apiário TR tem sido acompanhada de perto pela Emater/Ascar de São Sepé, que presta suporte técnico e orienta o manejo adequado.

De acordo com o extensionista rural Patrick Rosa, o acompanhamento inclui “formações técnicas e práticas, como troca de cera, alimentação energética e proteica, melhoramento genético, introdução de novas rainhas, além do acesso a políticas públicas e crédito”.

Patrick ainda destacou que os bons resultados do Apiário TR são consequência direta das boas práticas de manejo, como colheita, transporte, uso adequado da fumaça e processamento agroindustrial. “Para a região, esse prêmio reforça a qualidade do mel produzida em função da flora e da dedicação dos apicultores. Já é o terceiro ano seguido que eles figuram entre os melhores do Estado”, ressaltou.

Como funciona o concurso

O concurso estadual de mel avalia amostras enviadas pelos produtores por meio de análises cegas. Os jurados fazem testes de análise sensorial, avaliação de acidez e outros fatores de qualidade. Cada jurado atribui notas individuais, que depois são somadas para definir os vencedores.

Parcerias que fortalecem a cadeia do mel

A Emater também tem articulado parcerias importantes para fortalecer a apicultura na região. Uma delas foi estabelecida com a CMPC, que permitiu a utilização de áreas florestais da companhia para instalação de colmeias.

Essa parceria tem um cunho social, porque do mel produzido dentro do horto florestal, dois quilos por colmeia ficam com a CMPC, que doa o produto para entidades locais”, explicou Patrick.

Além disso, o Apiário TR recebeu recentemente a visita do coordenador do Geoparque de Caçapava do Sul, do diretor da Escola Técnica Estadual ETERRG e do responsável pelo Serviço de Inspeção Municipal (SIM) de Caçapava do Sul, fortalecendo a troca de experiências e a busca por novos caminhos de comercialização.

Durante o Seminário Estadual de Apicultura, os Apiários TR também foram convidados a firmar parceria com a Unipampa – Campus de São Gabriel, para dar andamento a pesquisas sobre o própolis existente na região.

Reconhecimento que fortalece São Sepé

Apesar do reconhecimento estadual, os irmãos apontam desafios no comércio do mel. “Temos o selo de inspeção municipal (SIM), que nos autoriza a vender dentro de São Sepé, mas ainda não podemos comercializar em outros municípios, o que dificulta a saída da produção. Com a adesão ao SUSAF ou SISBI, seria possível ampliar a comercialização e levar o nome de São Sepé para todo o Estado e até nacionalmente”, explicou Tarciso.

A conquista em Santana do Livramento reafirma a força da apicultura de São Sepé e evidencia a importância da integração entre produtores, instituições de apoio como a Emater, empresas parceiras e o setor de pesquisa para o desenvolvimento sustentável da cadeia do mel no Rio Grande do Sul.