Embrapa Trigo apresentada novas cultivares na 15ª Reunião de Trigo em Brasília-DF
Evento ocorreu entre os dias 28 e 30 de junho e contou com a aprovação de seis cultivares com a genética Biotrigo, além da apresentação de trabalhos
O cerne da pesquisa é a inovação. E dentro dos programas de melhoramento da Biotrigo, isso não é diferente. Naturalmente, as constantes inovações se transformam em novas cultivares de trigo. Elas, por sua vez, se traduzem em mais eficiência na produção do agricultor. E a partir da próxima safra, o mercado brasileiro de trigo passa a contar com seis novas cultivares: o TBIO Motriz, TBIO Capaz, TBIO Sagaz e TBIO Ênfase, além do Roos90 e FPS Xerife. Elas foram apresentadas e aprovadas pelo corpo científico presente na 15ª Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale (RCBPTT), que ocorreu nos dias 28 a 30 de junho, em Brasília (DF). O evento foi organizado pela Embrapa Trigo.
As recomendações de manejo e cultivo das variedades aprovadas serão publicadas no livro ‘Indicações Técnicas para Trigo e Triticale — Safra 2023’. Conforme o gerente de melhoramento da Biotrigo, Ernandes Manfroi, os programas de melhoramento da empresa, espalhados no Brasil e na América do Sul, possuem focos específicos para suas regiões de adaptação. Porém, de forma geral, os três principais objetivos são a produtividade, a segurança e a qualidade industrial das cultivares. “Buscamos desenvolver materiais de alto rendimento, que também tragam bons níveis de resistência às principais doenças do trigo, sobretudo às de difícil controle, como a giberela e brusone da espiga, e uma boa qualidade industrial, para que essas cultivares atendam a demanda da indústria e do consumidor final”, explica Ernandes.
TBIO Motriz: maior segurança para elevados rendimentos
Uma das novidades apresentadas pela Biotrigo na reunião é TBIO Motriz, considerada a evolução de TBIO Toruk, importante cultivar da história recente da triticultura brasileira. Lançado em 2022, Motriz oferece ainda mais rendimento e segurança para o agricultor em comparação ao seu antecessor. “Quando comparado a Toruk, Motriz tem se mostrado mais produtivo em quase todos os ambientes”, afirma o melhorista da Biotrigo, Francisco Gnocato. Além da excelente produtividade, a cultivar apresenta avanços relevantes em seu pacote fitossanitário, proporcionando mais facilidade no manejo quanto à giberela, brusone da espiga e mancha amarela, principalmente. Em termos de ciclo, Motriz se assemelha a TBIO Ponteiro que, por ser médio tardio, possibilita a semeadura em uma janela mais antecipada, minimizando o efeito de intempéries climáticas como a geada, dado seu maior período vegetativo. TBIO Motriz será indicado comercialmente para as mesmas regiões tritícolas que Toruk. A cultivar passará pelo processo de multiplicação na próxima safra.
TBIO Capaz: mais rendimento e segurança para um trigo branqueador
Junto ao Motriz como um dos lançamentos do portfólio da Biotrigo neste ano está TBIO Capaz. A cultivar, de farinha branqueadora, chega para atender as demandas de um importante mercado, apresentando ótima eficiência produtiva, sobretudo se comparado a outras cultivares branqueadoras. Além disso, a cultivar oferece um excelente nível de resistência ao mosaico comum do trigo, assim como uma boa reação à mancha amarela e queima da folha, causada por bactérias do gênero Pseudomonas. Seu ciclo superprecoce faz com que a cultivar seja uma ferramenta útil aos agricultores que busquem escalonar sua semeadura e combinar outras culturas no sistema produtivo. “TBIO Capaz é inovador no segmento dos branqueadores por reunir em uma única cultivar um tipo de planta de porte baixo, ciclo superprecoce e alto teto produtivo, se traduzindo em alta eficiência no campo”, aponta o melhorista da Biotrigo, Gustavo Mazurkievicz. Assim como Motriz, a cultivar passará por multiplicação na próxima safra. Conforme Gustavo, o agricultor que adere a uma plataforma de trigos branqueadores nunca esteve tão próximo de contar com materiais de mesmo patamar àqueles que não atendem a esse segmento. “Sem abrir mão de rendimento e segurança no campo, o produtor agora pode contar com uma cultivar que atenda ao segmento e traga uma oportunidade de obter um valor diferenciado, pela rentabilidade adicional que esse mercado pode oferecer”, complementa.
TBIO Sagaz: parceiro ideal de TBIO Audaz
Outra variedade apresentada pela Biotrigo na 15ª Reunião de Trigo foi TBIO Sagaz. Por apresentar um ciclo e estatura de planta muito similar a TBIO Audaz, Sagaz se tornou a parceira ideal da cultivar na composição do primeiro mix de cultivares de trigo para a produção de grãos do Brasil, o XBIO Fusão. De acordo com Gustavo, Sagaz possui boa reação ao oídio, ferrugem da folha e brusone da espiga. No grão, a cultivar traz uma ótima estabilidade de PH, enquanto na farinha, apresenta coloração ainda mais branca que TBIO Audaz. “Agronomicamente, a mistura dos dois materiais se complementa, oferecendo maior estabilidade produtiva aos agricultores, que podem contar com o mesmo potencial produtivo de Audaz, porém com maior segurança no manejo a campo, especialmente quanto ao oídio. Se tratando de qualidade na indústria, Audaz já é um material renomado por esse quesito. Contudo, ao ser complementado com Sagaz, a mistura torna-se ainda mais robusta, especialmente na panificação”, ressalta. A cultivar será multiplicada neste ano e o XBIO Fusão estará disponível ao agricultor já na próxima safra.
TBIO Ênfase: rendimento e qualidade específica para biscoitos
Lançado em 2022, TBIO Ênfase agrega ainda mais o portfólio de Trigos Especiais da Biotrigo. Por ser classificado como trigo Básico, a cultivar é mais uma opção para as indústrias de bolos e biscoitos, atendendo plenamente as especificações desses segmentos. Além de satisfazer essas exigências, Ênfase traz um grande ganho para o agricultor, que é um alto potencial de rendimento, fato inovador dentro dos trigos com aptidão para biscoito. Ainda, a cultivar oferece uma ótima estabilidade de seu PH, bem como bons níveis de resistência a mosaico, queima da folha (Pseudomonas) e giberela. “Produzido em circuitos fechados, para a segregação e consequente manutenção da identidade, quando se trata de qualidade industrial, TBIO Ênfase atenderá uma das principais e mais antigas demandas dos agricultores que participam deste nicho, o rendimento”, indica Gnocato. TBIO Ênfase será multiplicado a partir do próximo ano.
Cultivares licenciadas
Além de Ênfase, duas outras cultivares com a genética Biotrigo foram apresentadas e aprovadas no evento. Uma delas é o Roos90, cultivar licenciada para a Sementes Roos. Ela é classificada como trigo Melhorador e apresenta ciclo precoce e porte médio. Em seu pacote fitossanitário, a cultivar se destaca por um excelente nível de resistência à giberela, boa reação ao vírus do mosaico do trigo, bem como ao oídio e à ferrugem da folha. A variedade estará disponível para agricultores já na próxima safra. A outra cultivar é o FPS Xerife, licenciada para a Fundação Pró-Sementes. O material também é classificado como trigo Melhorador, possuindo porte e ciclo médio. Além disso, conta com um bom nível de resistência ao oídio, ferrugem da folha e à brusone da folha. A cultivar será multiplicada no próximo ano.
Apresentações
Além de apresentar as novas opções em genética, que servirão como ferramenta para os agricultores, a equipe da Biotrigo exibiu três trabalhos, que servirão de subsídio para as atividades da assistência técnica, bem como às decisões do produtor no momento do cultivo. O primeiro tema tratou de mix de cultivares de trigo para uma maior estabilidade produtiva. Em paralelo, foram apresentados trabalhos sobre o controle de giberela e germinação de sementes de trigo tratadas com fungicidas e a profundidade de semeadura na cultura do trigo. Ainda, a Biotrigo mostrou as extensões de cultivo para sete variedades já lançadas, sendo elas o TBIO Aton, Astro, Blanc, Calibre, Duque, Ponteiro e Trunfo.
A retroalimentação da pesquisa
Para a inovação em uma empresa de melhoramento genético acontecer — e consequentemente o produtor contar com novas e melhores cultivares –, a retroalimentação da pesquisa se faz fundamental. Isso só é possível através de formas que remunerem adequadamente as empresas pelos materiais lançados no mercado ano após ano. E a única forma de realizar isso é investindo em sementes certificadas. “A informalidade no mercado de sementes afeta todas as cadeias produtivas das culturas, uma vez que ela oferece um produto muito inferior em todos os aspectos, pois não há controle algum sobre a sua produção”, pontua o gerente comercial da Biotrigo para a América Latina, Fernando Michel Wagner. De acordo com ele, a indústria de sementes, em contrapartida, faz a ponte entre todo o esforço realizado dentro dos programas de melhoramento, levando genética inovadora e atendendo, em seus processos, a legislação que envolve a produção de sementes.