Preta Gil falece aos 50 anos, após lutar por 30 meses contra o câncer

A arte brasileira ficou mais silenciosa neste domingo, 20 de julho de 2025. Aos 50 anos, a cantora, atriz e empresária Preta Gil partiu após uma intensa batalha contra o câncer colorretal. A artista estave internada no hospital Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova York, onde travava sua última etapa de luta contra a doença que lhe foi diagnosticada em janeiro de 2023. Mas, ela faleceu em casa e estava acompanhada do seu pai e de seu filho.

Preta Maria Gadelha Gil Moreira, natural do Rio de Janeiro, morava na capital fluminense, mas nos últimos meses se deslocou para os Estados Unidos com a esperança de ampliar suas chances de tratamento. Após um período de remissão ainda em 2023, o câncer retornou de forma agressiva em agosto de 2024, atingindo dois linfonodos, o peritônio e o ureter. O cenário exigiu um novo ciclo de terapias intensivas, que incluiu cirurgias, quimioterapias e tratamentos paliativos.

Filha de Gilberto Gil e Sandra Gadelha, afilhada de Gal Costa e sobrinha de Caetano Veloso, Preta carregava no nome e no sangue a herança tropicalista, mas jamais se deixou conter por rótulos. Preta era prima da atriz Patrícia Pillar, por parte de mãe. Ao longo de duas décadas de carreira, lançou discos, emocionou plateias e comandou o irreverente e inclusivo Bloco da Preta — um dos maiores do carnaval carioca. Também foi mãe dedicada de Francisco Gil, hoje integrante do trio Gilsons e pai da pequena Sol de Maria — continuação de uma linhagem que funde arte e afeto, ancestralidade e inovação.

Preta construiu uma carreira autêntica, marcada não apenas pela voz, mas pela coragem. Com discursos firmes e ações concretas, ela se tornou uma referência na luta contra o racismo, a gordofobia, o machismo e a LGBTfobia, conquistando o respeito de várias gerações.

Ao longo de seus 50 anos, Preta viveu intensamente: lançou álbuns, atuou em novelas, apresentou programas e compartilhou sua vida com o público, sempre com verdade. Sua postura firme frente à dor, inclusive durante o tratamento oncológico, inspirou milhares de pessoas. Mesmo enfrentando internações, cirurgias e o agravamento de seu quadro clínico, ela seguiu com mensagens de afeto, força e fé.

Sua morte foi confirmada pela assessoria de imprensa na tarde deste domingo. Familiares próximos já estão a caminho de Nova York para os trâmites de translado do corpo ao Brasil, onde deverá ocorrer a cerimônia de despedida no Rio de Janeiro, cidade que Preta chamava de lar.

O Brasil se despede de uma mulher que usou sua fama como plataforma de transformação social. Em meio às notas musicais que agora cessam, ecoa o legado de uma artista que nunca teve medo de ser quem era — e de dizer ao mundo que todos merecem respeito, amor e dignidade.

A arte perde uma intérprete; o Brasil, uma voz que nunca se calava. Mas o eco de Preta Gil continuará pulsando, como a batida forte de um tamborim em pleno carnaval: alegre, corajoso e eternamente livre.