Silêncio em Roma: o coração da Igreja Católica amanhece em luto

Atualização em 05h52

O dia 21 de abril de 2025, segunda-feira, amanheceu envolto em comoção e reverência no Vaticano. Às 7h35 da manhã (horário de Roma), o mundo ouviu a voz pausada e emocionada do Cardeal Kevin Farrell ecoar da Capela da Casa Santa Marta, anunciando a passagem de Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, à eternidade. Com 88 anos de idade, o pontífice argentino encerra uma trajetória marcada pela simplicidade revolucionária, pelo olhar atento aos excluídos e pelo gesto constante de misericórdia.

O fim de sua jornada terrena foi sereno, como sua vida em Cristo. O Bispo de Roma, como gostava de ser chamado, deixa uma Igreja que aprendeu com ele a caminhar entre os pobres, a escutar os que choram nas periferias do mundo e a amar sem medidas. “Retornou à casa do Pai”, afirmou o Camerlengo, em palavras que selaram não só o fim de um papado, mas o encerramento de uma era.

Na véspera de sua partida, em plena celebração pascal, Francisco fez sua última aparição pública, da sacada da Basílica de São Pedro, para o tradicional Urbi et Orbi. Sua voz estava suave, mas firme, como quem já sabia que seria a despedida. Pediu paz aos conflitos do mundo, união entre os povos e coragem para a juventude da Igreja.

Nascido em Buenos Aires, filho de imigrantes italianos, Bergoglio foi o primeiro jesuíta e o primeiro latino-americano a ocupar o Trono de Pedro. Assumiu o pontificado em 2013, após a renúncia de Bento XVI, e imediatamente conquistou o mundo ao rejeitar formalidades e títulos pomposos. Preferiu viver em uma casa simples, dispensou o uso de carros de luxo e escolheu o nome Francisco, em homenagem ao santo de Assis — sinalizando desde o início a missão de construir uma Igreja pobre para os pobres.

Seus anos como pontífice foram intensos. Defensor incansável do meio ambiente, publicou a encíclica Laudato Si’, conclamando a humanidade à conversão ecológica. Enfrentou crises internas, pediu perdão pelas falhas da Igreja, promoveu o diálogo inter-religioso e denunciou com vigor as injustiças sociais, a exploração e a guerra.

No Vaticano, sinos tocaram em homenagem ao Papa falecido. Fiéis de todo o mundo iniciaram vigílias, preces e homenagens espontâneas. O velório será realizado na Basílica de São Pedro, com uma missa solene prevista para os próximos dias, reunindo chefes de Estado, líderes religiosos e milhões de católicos em oração.

Agora, a Igreja entra no período de Sede Vacante, quando a liderança da Cúria Romana é temporária e o mundo aguarda o próximo conclave que elegerá o novo Papa. Mas, por ora, o sentimento é de saudade. O sorriso do Papa do povo ficará eternizado nos corações de fiéis e na memória da história.

Francisco se despede como viveu: em paz, em humildade, em fé. E a Terra, nesta manhã de abril, sente-se mais silenciosa. O céu, talvez, mais acolhedor.

Fonte: Reprodução/Vaticano News

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