Possível retorno do Horário de Verão no Brasil: entenda a nova discussão energética

O governo brasileiro está avaliando o possível retorno do horário de verão, medida que foi suspensa em 2019, visando aumentar a eficiência no consumo de energia elétrica. Diante de uma crise hídrica que afeta os níveis dos reservatórios de hidrelétricas em todo o país, o Ministério de Minas e Energia (MME) realiza um estudo sobre a viabilidade da volta da mudança nos relógios. A conclusão do estudo é aguardada para os próximos dias.

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) também está discutindo soluções para mitigar os efeitos da seca que impactam a geração de energia. O último boletim do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) indicou um aumento na demanda por energia elétrica em setembro de 2024, com uma elevação de 3,2% em relação ao mesmo período de 2023. Entretanto, os níveis dos principais reservatórios do país continuam abaixo do esperado, agravando a necessidade de medidas urgentes.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu a reconsideração do horário de verão como uma forma de melhorar a segurança do sistema energético. Segundo ele, embora o Brasil não enfrente uma crise energética iminente, é necessário reforçar a resiliência do setor.

– O horário de verão pode não apenas contribuir para a economia de energia, mas também trazer benefícios ao comércio e ao turismo, já que dias mais longos impulsionam essas atividades. – Destacou Silveira.

A proposta de retorno do horário de verão ainda precisa ser aprovada pela Casa Civil e pelo Palácio do Planalto. No entanto, a medida tem sido vista como uma possível solução para lidar com o pico de consumo entre 18h e 20h, quando a produção de energia solar e eólica diminui, forçando o acionamento de usinas termelétricas, que possuem custos mais elevados.

O uso do horário de verão no Brasil sempre foi alvo de debates. Muitos especialistas questionam se a economia gerada pela mudança no relógio é suficiente para justificar os possíveis impactos negativos, como a alteração no ritmo biológico da população. Estudos anteriores indicam que a economia de energia com o horário de verão foi reduzida nos últimos anos, à medida que o maior consumo de eletricidade passou a ocorrer durante a tarde, devido ao uso de aparelhos de ar-condicionado em períodos de calor intenso.

Ainda assim, defensores da medida argumentam que a adaptação ao horário de verão pode gerar um impacto positivo na economia, especialmente em setores como o turismo e o comércio, que se beneficiam de dias mais longos. Pesquisas recentes mostram que uma parcela significativa da população é favorável ao retorno da mudança nos relógios, com 54,9% dos entrevistados apoiando a ideia, segundo levantamento realizado por entidades do setor de comércio.

O retorno do horário de verão deve ser avaliado dentro de um cenário energético e climático diferente do que existia há alguns anos. A falta de chuvas e o aumento das temperaturas têm pressionado o consumo de energia elétrica possibilitando a volta do Horário de Verão Brasileiro.

Uma explicação mais simples é que a economia no horário de verão ocorre porque os relógios são adiantados em uma hora durante os meses de maior luminosidade natural, como primavera e verão. Com isso, as pessoas aproveitam mais a luz do dia, principalmente no final da tarde, reduzindo a necessidade de utilizar iluminação artificial e, consequentemente, consumindo menos energia elétrica.

Essa economia é mais visível no período entre 18h e 20h, quando tradicionalmente o consumo de energia aumenta por causa do uso de lâmpadas, aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos. Ao aproveitar a luz natural por mais tempo, o horário de verão busca diminuir esse pico de consumo, aliviando a demanda nas redes de energia e reduzindo os custos com a geração, especialmente em momentos de maior pressão no sistema, como em crises hídricas.