Educação tradicional x Educação 4.0

A educação é essencial para a melhoria da qualidade de vida, proporcionando conhecimentos e saberes que evoluíram ao longo da história humana. O livro didático físico, uma ferramenta impressa importante, tem funções variadas na sala de aula e enfrenta desafios em sua definição e relevância.

De acordo com Mello Jr. (2000), “o livro, como conhecemos hoje, surgiu no Ocidente por volta do Século II D.C.”. No entanto, foi apenas no século XV, com a invenção da imprensa por Gutemberg e seus tipos móveis, que os livros deixaram de ser produzidos à mão e começaram a ser produzidos em série, estabelecendo uma nova era para a humanidade e promovendo o surgimento da cultura letrada.

Os primeiros livros didáticos foram as gramáticas. A primeira menção de um aluno com direito à posse de um livro para estudar sem ajuda do professor data de 1578, quando o Cardeal Bellarmine lançou uma gramática de hebraico.

Houve defensores e críticos do uso do livro. Segundo Kelly (1969, p. 261), Lambert Sauveur, em seu livro “Introduction to the Teaching of Living Languages without Grammar or Dictionary”, publicado em 1875, aconselhava os professores a proibirem os alunos de utilizarem o livro na sala de aula, argumentando que este ambiente era destinado à transmissão oral do conhecimento, reservando o uso do livro apenas para o ambiente doméstico.

Para Gérard e Roegiers (1998), o livro didático é um instrumento estruturado para melhorar a eficácia do aprendizado, embora muitos ainda sejam estáticos e desatualizados.

No Brasil, a legislação sobre livros didáticos começou em 1938, com o Decreto-Lei 1006. Inicialmente, o Estado regulava seu uso, mas a metodologia educacional evoluiu, ampliando o acesso ao ensino e introduzindo novos princípios metodológicos que influenciaram positivamente a prática educativa.

Delors (1998) destaca que o professor deve ser um guia, ajudando aos alunos a encontrar e gerir o conhecimento. Com o Decreto n. 91.542/1985, criou-se o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), permitindo que professores escolhessem os livros usados nas escolas. As discussões sobre métodos de ensino e aprendizagem continuam, com influências dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2000) e da Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017).

O PNLD de 2015 inclui um Guia de Livros Didáticos para ajudar na escolha e avaliação, visando atender às necessidades dos alunos e melhorar o ensino de línguas. A BNCC (BRASIL, 2017) enfatiza a ampliação de repertórios de leitura, essencial para o desenvolvimento da leitura e da escrita. Travaglia (2009) reforça que o ensino da língua materna deve desenvolver a competência comunicativa. Assim, o aprendizado ocorre através da interação e o uso de recursos didáticos como apoio.

Esse cenário reflete o modelo de educação tradicional, onde os livros didáticos são a principal fonte de conteúdo. Em contraste, a Educação 4.0 surge como uma abordagem inovadora que integra tecnologias avançadas e métodos de ensino personalizados, buscando adaptar-se às necessidades dos alunos na era digital. Enquanto a educação tradicional se baseia em métodos convencionais e material impresso, a Educação 4.0 utiliza recursos digitais, inteligência artificial, e metodologias ativas para promover um aprendizado mais dinâmico e interativo.

As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) também contribuem com o uso dos livros didáticos, pois muitos desses livros estão disponíveis nas plataformas digitais.

Apesar das inúmeras vantagens e ferramentas oferecidas pela tecnologia, é fundamental incentivar a leitura de livros, sejam físicos ou virtuais. Essa prática não apenas amplia o conhecimento e enriquece o vocabulário, mas também pode ser vista como um exercício mental. O hábito de leitura desenvolve a capacidade crítica e a interpretação textual, habilidades essenciais para uma compreensão profunda e reflexiva dos conteúdos. Portanto, mesmo diante das diversas opções tecnológicas disponíveis, é imprescindível promover a leitura como uma prática indispensável para o desenvolvimento pessoal e acadêmico.

Referências

BRASIL. Decreto n. 91.542, de 2 de abril de 1985. Cria o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/D91542.htm. Acesso em: 11 jul. 2024.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Brasília: MEC, 2000. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf. Acesso em: 11 jul. 2024.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília: MEC, 2017. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=91065-bncc-aprovada-pdf&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 11 jul. 2024

DELORS, J. Educação e Futuro: Novos Horizontes. Paris: UNESCO, 1998.

GÉRARD, F. M; ROEGIERS, X. Conceber e avaliar manuais escolares. Porto: Porto, 1998.

KELLY, L.G. 25 centuries of language teaching. Rowley, Massachussetts: Newbury, 1969.

MELLO Jr. J. A Evolução do Livro e da Leitura. Disponível em: http://www.ebookcult.com.br/ebookzine/leitura.htm. Acesso em 11 jul. 2024.

Acervo pessoal da autora